sábado, 28 de agosto de 2010

Uma Escada sobre tons de Azul

Subir, ir mais acima, mais longe, alcançar o azul do céu e o brilho das estrelas.
É um sonho antigo da humanidade – conquistar o céu e alcançar as estrelas distantes.
Mas será também o meu? Será o teu? Será o nosso sonho?
Talvez. Porque eu e tu, nós, somos humanos e queremos o que a humanidade quer, nascemos nela, caminhamos com ela e vamos aonde ela for. Somos humanos.
Porém, a profundidade do firmamento e o chamamento do brilho longínquo não podem distrair-nos e impedir-nos de chegar ao nosso céu e de apreciar a luminosidade das estrelas que cintilam perto de nós:
uma semente a germinar;
uma flor em botão;
uma fonte a jorrar;
uma mão estendida;
um sorriso aberto;
um coração magoado;
um olhar inquieto;
um choro de criança;
um riso de mulher;
uma lágrima a cair
a gargalhada dum palhaço;
as palmas do público;
e até um grito de dor.
As estrelas somos nós: eu, tu, ele, ela, eles, nós, isto e aquilo…
O céu – azul, cinzento, carregado de nuvens, desfeito em aguaceiros ou zangado de trovões e granizo – nasce do coração, faz-se de palavras e emoções e gestos, envolve-nos e cerca-nos e enche-nos e, às vezes, desfaz-nos.
O céu é o azul inesperado e surpreendente e é também o cinzento ameaçador ou o negrume avassalador.
Pode ser subida, escalada, ir mais acima, chegar mais longe.
Mas quantas vezes é recuo e precipício sempre a cair mais fundo e mais fundo?
Por isso é que existem as estrelas que iluminam, que guiam, que guardam e que enchem o azul de sinais e o transformam em tonalidades de dádiva e esperança, em caminho para mim, para ti, pare ele, para ela, para eles, para nós.
Um caminho que tão depressa é largo como estreito, íngreme ou plano, tantas vezes infinito e outras tantas sem saída. Mas é caminho e há-de conduzir-nos ao céu e às estrelas.

Arinda Rodrigues
                                                                                                                                                2010/08/11

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