terça-feira, 31 de agosto de 2010

Amores Secretos

Que saudades daqueles amores secretos,
Daqueles beijos roubados,
das mãos fugidias,
dos risinhos, das risotas.
A ânsia de te ver,
o desejo de te encontrar.
De tornar quente o mais frio
dia de Janeiro.
Aquecido naquele abraço apertado
que nos rouba o fôlego e o devolve em seguida.
Nesse abraço que não deixa espaço
para a dúvida, para cobranças, para medos.
Quem ama não tem medo.
Medo de quê? De amar, de se entregar, de sonhar.
Que o amor é eterno.
Na sua eternidade limitada.
Mas infinita enquanto o meu coração
chamar o teu nome…

Agosto 2010

Ana Rodrigues

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Querida Escrita

Minha prosa
Meu poema
Meu verso
Meu sonho
Minha liberdade

És tu que me chamas
E pedes que te dê vida
E te deixe falar e gritar
Com as minhas palavras
Que, afinal, são só tuas.

Tu é que as vais chamar
E as trazes todas até mim
Em ideias, sentimentos e desejos
Para que eu as pense e escreva
E, assim, as possas dizer e libertar.

São tuas, as palavras e o que dizem.
Dou-tas, todas, tal como as segredaste
Para que as guardes, semeies e repartas
Entregando-as a quem por aqui passar.

Assim, hão-de germinar e fazer nascer
Novas ideias e outros sentires e desejos
Feitos prosa, poema ou simples verso
Mas sempre, sempre, sonho e liberdade!

A.R. 29 de Agosto - 2010

Arinda Rodrigues

sábado, 28 de agosto de 2010

Lembranças


Momentos vividos e recordados
Uns desejados outros sofridos
Recordações, tantas!
Teimam em ficar e permanecer
Agarram-se sem remorso e sem dó
À pele, ao sentir, à vida e à alma.

As boas e felizes
Povoam o presente
Dão cor e alegria à vida
E enchem de fé o futuro.
Fazem-me incauta,
Corajosa e confiante.

As outras, essas, pesam
Arrastam consigo a mesma dor
São feridas sentidas na alma
Feitas inquietude e temor.
Erguem-se nos meus muros
Tolhem a vontade e os sentidos

E não me deixam sair nem sonhar.

As felizes e as outras
Estão em tudo o que sou
No que espero e desespero
No que procuro e sempre adio
No que desejo e ainda afasto
No que quero e não aceito
Lembranças…
Entranham-se e ficam, ficam
E nunca vão.

Quem me dera, às vezes,
Esquecê-las ou mesmo não tê-las.
Espantar a memória de toda a dor
Recomeçar com dias novos
Inteirinhos e todos por estrear
E poder confiar e crer e sentir
E então, sim, partir e ser e amar!


Agosto 2010 


Arinda Rodrigues

Fim de Tarde

O sol esconde-se atrás das pequenas elevações, que se estendem para oeste, e brinca às escondidas por entre as oliveiras muito alinhadas que enfeitam as suaves vertentes, elementos naturais dispostos por mão humana que, assim, altera a Natureza e a molda segundo os seus objectivos.
No sentido oposto, não muito longe, brilha a elegante estrutura branca que sustenta a ponte internacional. Vencido o Guadiana, desemboca na vizinha Espanha e estreita ainda mais os laços que duram há séculos. Apesar das diferenças e lutas travadas por objectivos opostos e, tantas vezes, por orgulho e cobiça, o que perdura são as relações de cooperação.
Para sul, o mar. O extenso e profundo oceano Atlântico que foi limite, desafio, chamamento e, por nós, se fez estrada aberta para o mundo.
Na varanda e diante desta paisagem, penso nos “momentos” difíceis, às vezes dolorosos, sempre desafiadores, pelos quais passei. Foram ultrapassados, deixando-me mais madura, mais forte, mais tolerante e mais feliz.
A fé foi uma grande ajuda. Ainda hoje estou convencida que o meu esforço foi sempre multiplicado por outra força, a que gosto de chamar Deus e à qual me costumo confiar e confio os que mais amo.
Nesta minha caminhada, descobri que há anjos, geralmente disfarçados de amigos, que aparecem nos momentos certos. A mim foram-me enviados alguns, sem os quais não teria conseguido vencer a etapa mais difícil e mais desafiadora da minha vida.
Não é fraqueza aceitar a ajuda desses seres portadores de força e coragem. Pelo contrário, é sabedoria. Eles trazem consigo a presença de quem (Deus, universo, ser infinito, mãe Terra?) vela por nós, no silêncio da discrição e na luz do amor, e que nos dá a sensação de não estarmos sós, de que alguém nos cuida com carinho, oferecendo-nos a segurança da sua protecção.
Gosto de pensar que também já fui anjo na vida de algumas pessoas – ponte de força e de amor. É muito bom ser anjo e sentir-me agraciada com a presença de outras pessoas que também o são, pela sua atenção aos outros e bondade natural, pela sua verdade interior e pelo seu coração aberto.
Neste fim de dia, ao despedir-me dos últimos raios de sol, penso em todos eles e agradeço.
O sol já se pôs completamente. Amanhã voltará. A luz volta sempre para vencer a escuridão. No início foi luz e, no fim, só sobrará a luz!
Graças!

Arinda Rodrigues 

Há pessoas...

Há pessoas que nos tocam
mesmo que nada façam,
ainda que pouco falem,
Porque dizem outras palavras…
…com o rosto…
…com o sorriso…
…com o olhar…
….e principalmente, com a luz que irradiam.
São palavras diferentes.
São palavras especiais.
Se encontramos uma dessas pessoas,
queremos que fique e nos acompanhe.
Queremos receber a sua luz
e aprender a mesma linguagem.

                                              Arinda

Palavras

Há palavras que são mais
muito mais do que palavras

falam
    acariciam
         confortam
                 dão alento
                         iluminam

Essas palavras
têm de ser dadas
têm de ser ouvidas
não podem ficar caladas

                                   Arinda

Criança, adolescente ou adulto?

O Brasil, essa terra tenra, leve, comparo-a a uma criança. O pessoal vive um dia de cada vez, um minuto de cada vez, como as crianças. Sexo com um ou vários de cada vez mas muitos no mesmo dia, é o pão nosso. Satisfação das necessidades fisiológicas, muita festa e dança. Há o que comer hoje, não sei se haverá amanhã, mas não importa. O que importa é que sou feliz.

Em Portugal, nesta terra velha que cheira a saudade e a queixume, banhada pelo mar e pela luz, vivem os adolescentes. Gostam de brincar aos adultos mas não têm senso de responsabilidade; não sabem o que andam a fazer. Arrastam-se pela maioria e é o salve-se quem puder. Sexo com um - ou vários de cada vez -mas muitos no mesmo dia é frequente, mas ninguém sabe ou finge que não sabe.                                            
A aparência e a vaidade é o que mais importa mesmo que se esteja a morrer de fome.

Alemanha, terra velha e carregada, pesada, ainda a cheirar a morte, arrependimento e a vergonha . Facies triste, recto, perfeito, implacável. Apesar de tudo, já adultos, sabem onde se metem e as suas consequências. Sabem que estamos a morrer. São conscientes, já os haviam ensinado em pequenos. Liam Nietzsche no início da adolescência tal como o  ‘O Tao da Física’, por exemplo. Quanto ao sexo, não sei bem. São para o individualista, não querem casar, as carreiras profissionais estão primeiro. Não sei se andam enrolados uns com os outros. Animais como somos, haverá de tudo.

Não se pode colocar tudo num mesmo saco mas eu tenho essa tendência. E sou eu quem está a escrever agora e a comparar essas três terras que senti. O Brasil foi apenas cerca de três semanas, a Alemanha, durante quase dois anos em visitas de poucas semanas, e Portugal, ando para aqui agarrada que não consigo nem quero, por enquanto, sair.

E o ideal?  Huummm…… Ser criança mas consciente.

28 Janeiro de 2010

Maria Teresa 

... Resposta a "Uma Escada Sobre Tons de Azul"...

Deixa-me subir alcançar o sonho
O sonho que sonhei ao crescer
neste vazio sem sentido,
mas tão cheio de emoções.
Tocar as nuvens de algodão
envolvê-las no mais doce abraço.
Deixa-me subir porque não as consigo alcançar.
Um dia disseram-me que as nuvem desciam
transformadas em nevoeiro.
Quis abraça-lo para sentir a sua maciez
mas uma vez mais o vazio ficou nos meus
braços.
Esse vazio que se tornou o meu viver
Deixa-me subir essa escada
quem sabe lá em cima exista algo
que não existe aqui
um pouco de infinito que cale este
grito de solidão…

  Ana Rodrigues

Uma Escada sobre tons de Azul

Subir, ir mais acima, mais longe, alcançar o azul do céu e o brilho das estrelas.
É um sonho antigo da humanidade – conquistar o céu e alcançar as estrelas distantes.
Mas será também o meu? Será o teu? Será o nosso sonho?
Talvez. Porque eu e tu, nós, somos humanos e queremos o que a humanidade quer, nascemos nela, caminhamos com ela e vamos aonde ela for. Somos humanos.
Porém, a profundidade do firmamento e o chamamento do brilho longínquo não podem distrair-nos e impedir-nos de chegar ao nosso céu e de apreciar a luminosidade das estrelas que cintilam perto de nós:
uma semente a germinar;
uma flor em botão;
uma fonte a jorrar;
uma mão estendida;
um sorriso aberto;
um coração magoado;
um olhar inquieto;
um choro de criança;
um riso de mulher;
uma lágrima a cair
a gargalhada dum palhaço;
as palmas do público;
e até um grito de dor.
As estrelas somos nós: eu, tu, ele, ela, eles, nós, isto e aquilo…
O céu – azul, cinzento, carregado de nuvens, desfeito em aguaceiros ou zangado de trovões e granizo – nasce do coração, faz-se de palavras e emoções e gestos, envolve-nos e cerca-nos e enche-nos e, às vezes, desfaz-nos.
O céu é o azul inesperado e surpreendente e é também o cinzento ameaçador ou o negrume avassalador.
Pode ser subida, escalada, ir mais acima, chegar mais longe.
Mas quantas vezes é recuo e precipício sempre a cair mais fundo e mais fundo?
Por isso é que existem as estrelas que iluminam, que guiam, que guardam e que enchem o azul de sinais e o transformam em tonalidades de dádiva e esperança, em caminho para mim, para ti, pare ele, para ela, para eles, para nós.
Um caminho que tão depressa é largo como estreito, íngreme ou plano, tantas vezes infinito e outras tantas sem saída. Mas é caminho e há-de conduzir-nos ao céu e às estrelas.

Arinda Rodrigues
                                                                                                                                                2010/08/11

Querida Escrita

Minha prosa
Meu poema
Meu verso
Meu sonho
Minha liberdade

És tu que me chamas
E pedes que te dê vida
E te deixe falar e gritar
Com as minhas palavras
Que, afinal, são só tuas.

Tu é que as vais chamar
E as trazes todas até mim
Em ideias, sentimentos e desejos
Para que eu as pense e escreva
E, assim, as possas dizer e libertar.

São tuas, as palavras e o que dizem.
Dou-tas, todas, tal como as segredaste
Para que as guardes, semeies e repartas
Entregando-as a quem por aqui passar.

Assim, hão-de germinar e fazer nascer
Novas ideias e outros sentires e desejos
Feitos prosa, poema ou simples verso
Mas sempre, sempre, sonho e liberdade!