sábado, 28 de agosto de 2010

Fim de Tarde

O sol esconde-se atrás das pequenas elevações, que se estendem para oeste, e brinca às escondidas por entre as oliveiras muito alinhadas que enfeitam as suaves vertentes, elementos naturais dispostos por mão humana que, assim, altera a Natureza e a molda segundo os seus objectivos.
No sentido oposto, não muito longe, brilha a elegante estrutura branca que sustenta a ponte internacional. Vencido o Guadiana, desemboca na vizinha Espanha e estreita ainda mais os laços que duram há séculos. Apesar das diferenças e lutas travadas por objectivos opostos e, tantas vezes, por orgulho e cobiça, o que perdura são as relações de cooperação.
Para sul, o mar. O extenso e profundo oceano Atlântico que foi limite, desafio, chamamento e, por nós, se fez estrada aberta para o mundo.
Na varanda e diante desta paisagem, penso nos “momentos” difíceis, às vezes dolorosos, sempre desafiadores, pelos quais passei. Foram ultrapassados, deixando-me mais madura, mais forte, mais tolerante e mais feliz.
A fé foi uma grande ajuda. Ainda hoje estou convencida que o meu esforço foi sempre multiplicado por outra força, a que gosto de chamar Deus e à qual me costumo confiar e confio os que mais amo.
Nesta minha caminhada, descobri que há anjos, geralmente disfarçados de amigos, que aparecem nos momentos certos. A mim foram-me enviados alguns, sem os quais não teria conseguido vencer a etapa mais difícil e mais desafiadora da minha vida.
Não é fraqueza aceitar a ajuda desses seres portadores de força e coragem. Pelo contrário, é sabedoria. Eles trazem consigo a presença de quem (Deus, universo, ser infinito, mãe Terra?) vela por nós, no silêncio da discrição e na luz do amor, e que nos dá a sensação de não estarmos sós, de que alguém nos cuida com carinho, oferecendo-nos a segurança da sua protecção.
Gosto de pensar que também já fui anjo na vida de algumas pessoas – ponte de força e de amor. É muito bom ser anjo e sentir-me agraciada com a presença de outras pessoas que também o são, pela sua atenção aos outros e bondade natural, pela sua verdade interior e pelo seu coração aberto.
Neste fim de dia, ao despedir-me dos últimos raios de sol, penso em todos eles e agradeço.
O sol já se pôs completamente. Amanhã voltará. A luz volta sempre para vencer a escuridão. No início foi luz e, no fim, só sobrará a luz!
Graças!

Arinda Rodrigues 

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